Dois cidadãos chineses foram feitos prisioneiros por forças ucranianas na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, enquanto combatiam integrados ao Exército russo. A revelação foi feita nesta terça-feira (8) pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “Temos informações de que há muito mais cidadãos chineses nas unidades do ocupante do que apenas dois. Agora estamos apurando todos os fatos”, afirmou em publicação no Telegram citada pela rede CNN.
Segundo Zelensky, os soldados capturados portavam documentos, cartões bancários e dados pessoais, o que confirma a identidade dos detidos. Ainda não se sabe se os dois combatentes eram integrantes formais do Exército de Libertação Popular (ELP) da China ou voluntários estrangeiros. Autoridades ocidentais afirmaram à imprensa que não há, até o momento, evidências de apoio estatal direto nos casos identificados.
A presença de cidadãos chineses em unidades russas marca, segundo Zelensky, um novo patamar de envolvimento de países aliados de Moscou na guerra. “Este é mais um país que apoia militarmente a invasão da Rússia ao lado da Rússia. Este é mais um depois do Irã e da Coreia do Norte”, disse ele durante uma coletiva de imprensa em Kiev.

O presidente ucraniano afirmou ainda que instruiu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia a contatar imediatamente Beijing para questionar sobre o fato. O encarregado de negócios da China foi convocado em Kiev nesta terça-feira (8), informou o ministro Andrii Sybiha, que cobrou uma explicação oficial sobre o caso. Zelensky também pediu que os EUA e a Europa protestem formalmente contra o episódio.
Em janeiro de 2024, o Ministério das Relações Exteriores da China havia alertado seus cidadãos para que se mantivessem longe de zonas de conflito, recomendando que evitassem qualquer envolvimento em guerras ou ações militares.
Apesar da suposta neutralidade, autoridades americanas acusam Beijing de fornecer insumos à indústria bélica russa, como motores para drones e mísseis, microeletrônicos e nitrato de celulose, este último usado como propulsor em armamentos.
A China, do seu lado, insiste em negar que forneça armas ou insumos militares a Moscou. Entretanto, têm se acumulado os indícios de que empresas chinesas entregam aos russos principalmente tecnologia de uso duplo. Em 2022, por exemplo, Beijing vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para Moscou, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados divulgados no final de setembro de 2023 pela rede CNBC.
“Esperamos que, após esta situação, os americanos conversem mais com os ucranianos e depois com os russos. E esperamos que o lado chinês também responda”, disse Zelensky, ao comentar os próximos passos diplomáticos da crise.