Três cidadãos ucranianos foram presos na Alemanha e na Suíça acusados de orquestrar atentados com explosivos a serviço da Rússia. Segundo promotores federais alemães, o plano envolvia o envio de encomendas com dispositivos incendiários que explodiriam durante o transporte, parte de uma suposta operação de sabotagem planejada dentro da Europa. As informações são da revista Newsweek.
Em comunicado divulgado na terça-feira (14), o Ministério Público Federal da Alemanha informou que os detidos “declararam sua disposição para realizar ataques incendiários e com explosivos contra o transporte de mercadorias na República Federal da Alemanha, a mando de uma ou mais pessoas supostamente vinculadas a agências estatais russas”.
A acusação aponta que os pacotes seriam enviados da Alemanha para a Ucrânia e deveriam detonar durante o trajeto. Os suspeitos foram Vladyslav T., detido em Colônia no dia 9 de maio; Daniil B., preso em Constança no dia 10; e Yevhen B., capturado em Thurgau, na Suíça, no dia 13. Este último deverá ser extraditado para a Alemanha.

As investigações indicam que Vladyslav T. usou rastreadores GPS para mapear rotas de transporte em Colônia. Ele teria recebido instruções de Yevhen B., que por sua vez entregava os pacotes a Daniil B. para envio.
A suspeita de operações de sabotagem comandadas pela Rússia preocupa diversos países europeus, sobretudo membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como a Alemanha. Casos anteriores de incêndios criminosos já foram atribuídos a agentes russos, com a inteligência alemã estimando a presença de centenas de espiões russos no país.
“Não devemos nos enganar: a agressão da Rússia há muito tempo está direcionada contra nós, na Alemanha. É real. É ameaçadora. Está bem à nossa porta. É essencial fortalecer de forma abrangente as nossas autoridades de segurança”, disse Katrin Göring-Eckardt, deputada do Partido Verde no Parlamento alemão.
O caso remete a outro semelhante ocorrido em julho de 2024, quando foram registradas explosões em centros de logística na Alemanha e no Reino Unido. As autoridades disseram que as ocorrências faziam parte de uma operação secreta da Rússia para iniciar incêndios em voos de carga e passageiros com destino aos EUA e ao Canadá, segundo The Wall Street Journal (WSJ.
Na oportunidade, dois dispositivos foram enviados pela DHL – uma empresa global de logística e transporte, parte do grupo Deutsche Post DHL, sediada na Alemanha – como parte de uma campanha de sabotagem. Ambos foram ativados em julho de 2024, com um incidente registrado na cidade alemã de Leipzig e outro na cidade britânica de Birmingham.
Espionagem e sabotagem em alta
Desde 2022, a Alemanha vem registrando um aumento considerável das atividades de inteligência de Moscou. Nesse sentido, relatório divulgado pelo Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), o serviço de inteligência doméstico, destaca as campanhas de desinformação como principal arma russa em solo alemão, embora atos de sabotagem também estejam em alta.
A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco e ajuda a explicar o interesse de Moscou pelo país. De acordo com Thomas Haldenwang, que chefia o BfV, há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas.
Nos últimos anos, para conter o problema, o governo alemão também expulsou dezenas de supostos diplomata russos acusados de atuarem como espiões disfarçados. No final de maio de 2023, Berlim ainda anunciou que quatro dos cinco consulados da Rússia no país teriam suas licenças revogadas, sendo, portanto, fechados.