As tensões entre as Coreias ganharam um novo capítulo nesta terça-feira (8), quando cerca de dez soldados norte-coreanos cruzaram a linha de demarcação militar e invadiram o território sul-coreano. A violação aconteceu por volta das 17h (horário local), no setor leste da fronteira. Em resposta, tropas da Coreia do Sul dispararam tiros de advertência e realizaram transmissões de alerta por alto-falantes, no que os militares do Norte recuaram imediatamente. As informações são da agência Associated Press (AP).
A Coreia do Sul afirmou que continua monitorando de perto os movimentos do país vizinho. O episódio reacende preocupações em torno da segurança na Zona Desmilitarizada (DMZ), uma faixa de 248 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura que separa os dois países desde o fim da Guerra da Coreia (1950–1953). Estima-se que existam cerca de dois milhões de minas terrestres espalhadas pela região, além de arame farpado, armadilhas para tanques e tropas em prontidão.

O Exército sul-coreano ainda não sabe por que os soldados cruzaram a fronteira, mas o incidente lembra um episódio semelhante ocorrido em junho do ano passado. Na ocasião, militares norte-coreanos também atravessaram a linha em uma área de floresta, carregando ferramentas de construção. Autoridades de Seul acreditaram que não se tratava de uma incursão intencional, já que os sinais de demarcação na região eram pouco visíveis.
O momento da nova violação é particularmente sensível. A Coreia do Sul vive um vácuo de poder após a destituição do presidente Yoon Suk-yeol na semana passada, devido à controversa imposição de lei marcial. Já o líder norte-coreano, Kim Jong-un, segue fortalecendo laços com a Rússia e se mantém distante de qualquer iniciativa de retomada das negociações de desnuclearização propostas por Seul e Washington.
Desde a volta de Donald Trump ao poder em 20 de janeiro, os EUA voltaram a sinalizar interesse em reabrir canais diplomáticos com Pyongyang. Apesar disso, o regime norte-coreano não respondeu às iniciativas. “A Coreia do Norte afirma que as hostilidades norte-americana contra ela se aprofundaram desde a posse”, informou uma autoridade sul-coreana.