Na frente de batalha mais violenta do leste da Ucrânia, uma unidade russa conseguiu avançar rumo a Pokrovsk, cidade estratégica que Moscou tenta conquistar há meses. A movimentação recente foi liderada por táticas inusitadas: tropas montadas em motocicletas romperam parte das defesas ucranianas, numa ofensiva arriscada que, desta vez, surtiu efeito, segundo a revista Forbes.
Pokrovsk é considerada peça-chave nos planos russos para dominar a região de Donetsk. Desde o ano passado, duas forças de campo da Rússia, cada uma com mais de dez mil soldados, tentam tomar a cidade partindo de Avdiivka, a sudeste. Mas os avanços têm sido lentos. Drones ucranianos dificultaram as linhas de suprimento russas e forçaram o recuo de parte das tropas invasoras.

Diante da resistência, o Kremlin decidiu mudar de tática: ao invés de seguir em ataque direto, passou a tentar cercar Pokrovsk. Nos últimos dias, investidas russas visaram as trincheiras ao longo da estrada T-0504, que conecta a cidade a Kostyantynivka, mais ao norte. Esse corredor defensivo é vital para o Exército ucraniano manter o controle da região.
Foi nesse trecho que a 39ª Brigada de Fuzileiros Motorizados da Rússia encontrou um ponto vulnerável, nas imediações da vila de Malynivka. O local, sem cobertura de árvores, expôs os blindados ucranianos a ataques de drones russos. No fim de semana, os invasores tomaram um trecho da trincheira. Uma tentativa de contra-ataque falhou quando os drones atingiram os soldados ucranianos em movimento.
Ainda que pequena, a conquista permite à Rússia pressionar o flanco leste de Pokrovsk. Segundo analistas, se Moscou conseguir reforçar o ponto recém-ocupado, poderá abrir caminho para avanços maiores na linha de frente. Mas o custo tem sido alto: só no ataque de 17 de abril, a Rússia perdeu 21 veículos blindados e até 240 soldados.
As motos — baratas, rápidas e difíceis de detectar — são usadas em grupos de reconhecimento que abrem caminho para ofensivas maiores. Nem sempre funcionam. Muitas dessas missões falham, com perda de tropas e veículos. Atualmente, 90% das perdas de transporte russas envolvem motos, carros, vans e caminhões civis. Ainda assim, tanques e blindados continuam sendo abatidos em dezenas, semana após semana.
A Rússia tem perdido cerca de mil soldados por dia, praticamente o mesmo número que consegue recrutar diariamente. Qualquer aumento nessa taxa de baixas pode levar o Exército russo a um déficit de efetivo, colocando em risco os planos mais ambiciosos da campanha militar.