O Ministério da Defesa da Rússia reconheceu oficialmente pela primeira vez a ameaça representada pelo Sapsan, o novo míssil balístico de curto alcance desenvolvido pela Ucrânia. Em comunicado divulgado no dia 19 de abril, o governo russo afirmou ter realizado um ataque coordenado contra uma instalação de testes do armamento, segundo informações são do site Eusarian Times.
“Na noite passada, as Forças Armadas da Federação Russa realizaram um ataque em grupo com armamento de precisão baseado em terra e mar, além de veículos aéreos não tripulados, contra um campo de testes do sistema de mísseis operacionais-táticos Sapsan e sistemas de defesa aérea NASAMS de fabricação norueguesa que o protegiam”, declarou o ministério. “Os objetivos do ataque foram alcançados. Todos os alvos designados foram destruídos.”

Desenvolvido pela estatal ucraniana KB Pivdenne, o Sapsan — também conhecido como Grom-2 — foi criado para substituir os antigos Tochka-U de origem soviética e garantir à Ucrânia uma capacidade própria de ataque balístico. O míssil é de estágio único, movido a combustível sólido, com uma ogiva de 500 quilos e alcance estimado entre 50 e 500 quilômetros, podendo chegar a até 700 quilômetros, segundo algumas estimativas.
O programa Sapsan foi iniciado em 2006, mas enfrentou atrasos devido a dificuldades financeiras e só ganhou impulso após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. Desde então, a Ucrânia acelerou o desenvolvimento do projeto, que inclui uma versão de exportação financiada pela Arábia Saudita, com alcance reduzido para 280 quilômetros em conformidade com o regime internacional de controle de tecnologia de mísseis.
Nos últimos meses, a Rússia intensificou os ataques contra locais de produção e testes relacionados ao Sapsan. Ainda assim, em novembro de 2024, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou um avanço significativo na produção doméstica de armamentos. “A Ucrânia testou com sucesso o primeiro míssil balístico de produção própria”, afirmou. Embora não tenha citado diretamente o Sapsan, autoridades militares e analistas consideram que a declaração se referia ao novo sistema.
O reconhecimento público da ameaça representada pelo Sapsan marca uma mudança no discurso militar russo e confirma a preocupação do Kremlin com a autonomia ucraniana na produção de armamentos estratégicos. A capacidade de Kiev de manter esse programa, no entanto, pode depender do acesso contínuo a componentes ocidentais, que poderiam ser restringidos em caso de mudanças na política dos Estados Unidos.