A chegada de turistas estrangeiros aos EUA recuou quase 10% em março de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, e a estimativa é de que o impacto dessa retração custe até US$ 90 bilhões (cerca de R$ 528 bilhões) à economia americana neste ano. O alerta foi feito pelo banco Goldman Sachs, que associa a queda nas visitas ao aumento da hostilidade na fronteira, adicionando à conta boicotes a produtos norte-americanos e incertezas geopolíticas. As informações são da rede Bloomberg.
Dados da Administração de Comércio Internacional (ITA, na sigla em inglês) mostram que pouco mais de 4,5 milhões de viajantes não americanos desembarcaram em aeroportos dos EUA em março. Entre os destinos que mais reduziram o fluxo estão Canadá, Europa e México. No caso dos canadenses, as reservas de voos para os EUA despencaram 70% para o período até setembro.

O videomaker canadense Curtis Allen decidiu cancelar suas férias nos Estados Unidos depois que o presidente Donald Trump impôs tarifas ao Canadá e sugeriu que o país vizinho deveria virar o 51º estado americano.
“Não vamos apenas ficar em casa. Vamos gastar o mesmo dinheiro em outro lugar”, afirmou Allen, de 34 anos. Ele também cancelou sua assinatura da Netflix e passou a evitar produtos americanos nos supermercados. “Agora leva o dobro do tempo, porque verificamos de onde os produtos vieram.”
A retração do turismo internacional já afeta outros setores. Um relatório da Bloomberg Intelligence estima que até US$ 20 bilhões (R$ 117 bilhões) em gastos com varejo por parte de turistas estrangeiros podem estar ameaçados. Em março, passagens aéreas, diárias de hotéis e aluguéis de carros apresentaram queda nos preços, reflexo da menor demanda. A região nordeste dos EUA, especialmente dependente do fluxo de turistas canadenses, viu as tarifas hoteleiras recuarem quase 11%.
Empreendimentos voltados ao turismo também sentem os efeitos. A Rainbow Air Helicopter Tours, que acaba de investir US$ 25 milhões (R$ 146 milhões) em uma nova sede e atrações em Niagara Falls, ainda avalia o impacto. “Estamos esperando para ver os desdobramentos”, afirmou Patrick Keyes, gerente de vendas e marketing da empresa. Em hotéis da rede Accor, as reservas de turistas europeus para o verão americano caíram 25%.
No relatório do Goldman Sachs, os economistas Joseph Briggs e Megan Peters destacaram as causas da rejeição e projetam o impacto. “Os anúncios de tarifas dos EUA e uma postura mais agressiva em relação aos aliados históricos prejudicaram as opiniões globais sobre os EUA”, diz o texto. “O crescimento do PIB (produto interno bruto) dos EUA provavelmente terá um desempenho inferior às expectativas de consenso em 2025.”