Durante o recente confronto armado entre Índia e Paquistão, a China ofereceu apoio logístico e de inteligência às forças paquistanesas, segundo análise do Centro de Estudos de Guerra Conjunta (Centre for Joint Warfare Studies), um instituto ligado ao Ministério da Defesa indiano. O diretor-geral da entidade, Ashok Kumar, afirmou que Beijing ajudou Islamabad a reorganizar seus sistemas de radar e defesa aérea, além de ajustar a cobertura de satélites sobre o território indiano. As informações são da rede Bloomberg.
“Eles os ajudaram a redistribuir o radar de defesa aérea para que qualquer ação que realizássemos pela rota aérea fosse detectada”, declarou Kumar em entrevista concedida em Nova Délhi. Segundo o especialista, o apoio chinês ocorreu no intervalo de 15 dias entre o ataque de 22 de abril que matou 26 turistas, a maioria indianos, e o início efetivo das hostilidades.

O governo indiano não se manifestou oficialmente sobre o envolvimento da China, enquanto o Paquistão havia admitido anteriormente apenas o uso de armamentos comprado de Beijing. O relatório do centro de estudos, no entanto, sugere uma atuação mais direta, com suporte estratégico durante os ataques. O Ministério das Relações Exteriores chinês não respondeu aos pedidos de comentário.
Os confrontos, considerados os mais intensos entre os países desde a década de 1970, envolveram o uso de drones, mísseis e bombardeios cruzados na região da Caxemira. Após dias de escalada, um cessar-fogo foi anunciado em 10 de maio, com mediação creditada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump — fato que gerou insatisfação em Nova Délhi, que alega ter conduzido as negociações de forma bilateral.
Ashok Kumar afirmou ainda que a China teria usado o embate como oportunidade para testar armamentos em situação de combate real. De acordo com ele, “o desempenho dos sistemas de defesa chineses foi abaixo da média e falhou miseravelmente em alguns casos”. O especialista não detalhou os incidentes nem os equipamentos testados, mas citou que o sistema indiano de sensores se mostrou mais eficiente diante do uso de drones paquistaneses.
Na sexta-feira (16), o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, declarou que suas forças derrubaram seis caças indianos. O governo indiano não confirmou perdas aéreas, e os relatos não foram verificados de forma independente. Já o uso do caça chinês J-10C e do míssil PL-15 durante os confrontos preocupa países da região, como Taiwan, que acompanham com atenção os desdobramentos.
A proximidade entre China e Paquistão, consolidada desde a Guerra Fria e reforçada pela Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative), tem impacto direto na estratégia de defesa da Índia. “A Índia agora considera um cenário de dois frontes em quase todos os seus cálculos”, disse Kumar. “Qualquer coisa que esteja com a China hoje pode ser considerada como estando com o Paquistão amanhã.”