O diretor do SVR, serviço de inteligência externa da Rússia, Sergey Naryshkin, afirmou nesta semana que, caso a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ameace seu país ou a aliada Belarus, os “primeiros a sofrer” serão Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia, membros da aliança militar transatlântica. A declaração foi dada à agência estatal RIA Novosti e elevou as tensões entre Moscou e o Ocidente.
Em encontro com autoridades belarussas, Naryshkin acusou a Otan de intensificar sua presença militar nas fronteiras com Rússia e Belarus, o que estaria por trás da “grave e perigosa crise atual no continente europeu”. Segundo ele, “a Polônia e as repúblicas bálticas são particularmente agressivas, ao menos em palavras, estão constantemente chacoalhando suas armas”.

O russo acrescentou que, se houver agressão da Otan contra a chamada “União Estatal” — aliança entre Rússia e Belarus —, “certamente será infligido dano a todo o bloco da Otan. Mas, em maior medida, os primeiros a sofrer serão os portadores de tais ideias nos círculos políticos da Polônia e dos países bálticos”.
As falas de Naryshkin surgem em meio a iniciativas recentes desses países de reforçarem suas defesas. No mês passado, Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia anunciaram a saída do Tratado de Ottawa, que proíbe o uso de minas terrestres desde que entrou em vigor, em 1997. O pacto conta atualmente com mais de 160 países.
Os países destacam que, desde que aderiram ao Tratado, houve uma “piora significativa” na segurança regional, o que tornou necessário garantir mais “flexibilidade e liberdade de escolha” a suas tropas para defender a fronteira oriental da Otan.
Outro ponto de tensão envolve o debate sobre armas nucleares. Após o presidente francês Emmanuel Macron sugerir ampliar o “guarda-chuva nuclear” da França a aliados europeus, o presidente polonês Andrzej Duda classificou a proposta como “benéfica para a segurança da Polônia”. O primeiro-ministro polonês Donald Tusk chegou a sugerir que seu país construísse os próprios dispositivos nucleares.
Naryshkin reiterou ainda as exigências da Rússia nas negociações de paz com a Ucrânia, incluindo a “desmilitarização e desnazificação” do país atacado e a proibição de que Kiev possua armas nucleares.